quarta-feira, 25 de julho de 2012

Blogagem Coletiva - Mães Internacionais - Mãe de Dois (ou mais)

Eu sempre sonhei em ter muitos filhos, cinco para ser precisa. Ai cresci, vi que não era tão fácil como eu imaginava e planejei ter três. Mas resolvi me casar com um homem mais novo, tive meu primeiro filho mais velha do que a maioria (com 34 anos) e acho que vamos parar no segundo, que deve começar a ser planejado no ano que vem. Hoje em dia eu sei que ter filho (bem criado) dá trabalho e muitos gastos, principalmente nos primeiros anos, mesmo com toda a alegria que uma criança traz à uma casa. É triste ter que decidir o tamanho da família baseado nas condições financeiras, mas infelizmente, essa é a realidade. Outra razão que me faz desistir do terceiro é que não temos ajuda de ninguém por aqui, nem da família nem de ninguém com os cuidados da casa, então não sei se conseguiríamos. Mas não sou amarga nem ressentida por isso não. Imagino a casa com 2 crianças correndo e brincando (e brigando), um casal ou dois meninos, e acho que deve ser muito legal!


Aqui em Israel o número de crianças numa família diminui muito nos últimos anos. Hoje em dia é bem comum um casal ter dois filhos, no máximo três. O que eu vejo acontecer é terem dois filhos meio que na sequência (um ano e pouco ou dois de diferença) e ai dar um tempo e ter o terceiro depois de vários anos, geralmente quando o menor já está com cinco anos e já faz parte do sistema público de educação.


Isso faz sentido. Até os três anos, as creches em Israel são particulares, na sua maioria. (há outros tipos de cuidados pra crianças, falerei deles num post em breve). Eu pago quase 500 euros por mês de creche (das 7 às 4 da tarde) pro meu filho. Ele fará três anos em fevereiro de 2014, mas só poderá começar na creche pública no início do próximo ano letivo, em setembro, com 3 anos e meio. Ou seja, ainda tenho dois anos e 12000 euros pra pagar até ele ir pra creche pública. Se eu tivesse outro filho agora, o valor seria dobrado. E outra, a creche é pública até 1 e pouco da tarde, depois disso, se os pais trabalham e não podem ficar com a criança, eles têm que pagar por um serviço extra, que cuida das crianças até às 4 ou 5. Ou seja, é público e não é. Ai, se nessa época chegar um terceiro bebê, dá pra gastar uma boa grana em educação por ano. Fora isso tem as roupas, a fralda, o leite em pó (claro, se o bebê não é amamentado), os brinquedos, os remédios (q D-us não permita), o carro maior, a casa maior, os gastos com diversão. Eu acredito que o preço da creche é o que pesa mesmo no orçamento familiar, mas não podemos esquecer das outras coisas.


Acontece que, no judaísmo, a família é ponto central na vida de uma pessoa e durante muitas gerações as famílias tinham muitos filhos, que se reuniam (e se reúnem ainda) na casa dos pais toda 6a feira à noite pro jantar de Shabbat. Eu imagino que a famosa pressão "E ai, o nenê é pra quando?" é maior aqui do que no Brasil. Poucos são os casais que esperam muitos anos para ter filhos e menos ainda são os que decidem não ter filhos, ou ter um só. Estou tentando me lembrar aqui e acho que não conheço um filho único por ai, da minha geração ou da geração atual.


A rapidez em ter filhos também tem sua razão de ser. Israelenses terminam o colégio e vão pro exército, 2 anos pras meninas, 3 anos pros rapazes, em média. Saem do exército com uns 21 anos, trabalham por vários meses, juntam dinheiro, vão viajar pelo mundo e só voltam meses ou até um ano depois. Aí vão estudar e só depois começam a sua vida "adulta". Claro que isso varia de pessoa pra pessoa, mas na média, a história é essa. Nessa, a pessoa já está com 20 e muitos anos e não começou a sua carreira ainda. Conhecem alguém legal no meio do caminho e vão morar juntos. Quando resolvem se casar, por volta dos 30 anos, já moraram juntos por um tempo, já são mais velhos, não precisam esperar mais pra planejar um bebê, diferente dos casais brasileiros que namoram, cada um na casa dos seus pais, aí casam e começam a se cuirtir, deixando os planos pro bebê mais pra frente.


Outra coisa interessante é que já que as pessoas casam mais tarde e resolvem ter filhos mais rápido, quem não consegue em um ano (em média, claro), já pode partir pra tratamentos de fertilidade que são custeados pelo governo. Se eu não me engano, o governo paga o tratamento hormonal, as inseminações e uma FIV. Mais do que isso, eu acho que a pessoa paga uma parte. (Não tenho dados precisos sobre isso, se alguém que esteja por aqui souber, por favor, deixe um comentário!). 


Tirando o preço das creches particulares, ter um filho em Israel é mais barato do que no Brasil. A saúde (incluindo dentistas) é publica até os 18 anos, e há um acompanhamento de crescimento e vacinas super eficaz e gratuito também. Na maioria das cidades há muitas opções de lazer para as famílias, parques, atrações e etc. O índice de violência urbana é quase nulo, não há sequestros, as crianças maiores podem ir brincar sozinhas na pracinha sem problema algum, os pais não vivem com medo de sair às ruas com os pequenos. Criança aqui é criança, a publicidade pra elas é infinitamente menor do que no Brasil, a erotização precoce não existe, as crianças, meninos ou meninas, estão preocupadas em brincar, brincar e brincar (e comer Bamba!). 


Curiosamente, os pais aqui têm mais trabalho. Ok, não levamos a vida louca que uma família brasileira leva, trânsito, violência e etc, mas também geralmente não temos muita ajuda com as crianças e com os filhos. Há casais abençoados que têm os avós por perto, que sempre ajudam e há muitos como nós, que se viram nos 30 e dão conta de tudo. Da casa, do trabalho, das compras, da comida, da roupa, das crianças. Quase não há babás fora do horário de trabalho dos pais (salvo as babysitters que ganham por hora e que garantem a saúde mental do papai e da mamãe) e o máximo dos luxos e ter faxineira uma vez por semana. Os pais (maridos) geralmente são parte integrante da família e fazem a sua parte na criação e nos cuidados com os filhos, fazem compras, limpam a casa e tudo mais que uma mulher faz também. 


As famílias fazem muitos passeios juntos, as crianças vão pros restaurantes, vão pro shopping, vão pra todo canto com os pais, já que não temos com quem deixá-los, e no nosso caso, nem queremos. Nós gostamos muito de ter a companhia do Uri com a gente, gostamos de mostrar o mundo pra ele, mesmo ele sendo tão pequeno. Fora que, com a vida corrida durante a semana, quando finalmente temos um tempo em família, queremos aproveitar os três. 


***


almoçando com a Oprah.. rsrs.. imagem do Google
Isso tudo que eu falei acima se referia à população judaica não religiosa de Israel, os hilonim. Em se tratando de árabes e judeus religiosos, o número de crianças se multiplica. Não sei a razão disso na cultura árabe, mas pros judeus religiosos, quanto mais filho, melhor. Além disso, eles recebem uma ajuda do governo que os laicos não recebem, não pagam impostos, têm creches públicas sempre e mais um monte de benefícios (assim até eu). As mulheres geralmente não trabalham fora e passam a vida entre carregar a barriga, parir, criar os que já pariu e cuidar da casa. Eu tive o Uri num hospital super religioso aqui da cidade (o único) e lá eu vi várias mulheres com a minha idade no sexto - isso - sex-to filho! E nesse um ano e meio entre o parto e hoje, elas já devem ter tido pelo menos mais um, ou estão com o próximo embutido já. É, pois é. 


Em Jerusalém e em bairros religiosos pelo país você pode cruzar com várias famílias com 5, 6 ou 7 filhos e muitos deles vestem as crianças iguais, só mudando o número da roupa. 






Quer saber como são as famílias em outros países? Vai lá no site das Mães Internacionais! 

8 comentários:

  1. EM um de meus cursos aprendi que em uma familia charedi o numero de membro sao aproxidamente 10, ou seja 8filhos plus os pais, aiaiaiia eu nao daria conta e Nao ,baseado no que estudei, nao concordo com o modo que eles cuidam dos filhos, onde os mais velhos tem grandes responsabilidades com os pequenos, enfim apenas minha posicao em relacao a eles.
    E bem por aqui a Libi ganhara um irmaozinho/a pra Janeiro proximo :) antes de completar 2 anos, bem tipico de ISrael :).
    Bjos :)

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  2. Lu, eu acho fascinante a realidade aí em Israel. Engraçado, quando a gente pensa em Israel sempre vêm a cabeça, pelo menos a minha cabeça, guerra e insegurança. Não imaginaria um lugar tão calmo como você descreve!

    Outro dia comprei um livro de quadrinhos de um autor de que gosto bastante sobre Jerusalem e ele comenta sobre algumas dessas famílias judaicas bem religiosas.

    Os pais vivem para estudar a religião, com auxílio do governo, e as mulheres têm, em média, SETE filhos, como você comenta aqui também. Imagina isso? Mas, apesar da ajuda do governo, creche e tal, parece que eles vivem na linha, com tudo bem regrado, principalmente porque os homens não têm renda além da ajuda governamental e as famílias são grandes!

    Bom, vocês, mãe de mais de um, que são corajosas :)

    Beijos

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  3. Lu, fiquei chocada com o valor da creche aí! Não imaginava que era tão caro...se eu já não quero um segundo morando aí ia querer muito menos!

    Aqui tb a publicidade infantil e a erotização é infinitamente menor do que no Brasil...os programas de criança que passa na TV (manhã e final da tarde) não tem nem propaganda, é 1h direto...

    Beijos pra vcs!

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  4. Lu, que engraçado eu tb pensava em ter um monte de filhos, quatro para ser mais exata. Agora já nem sei, um segundo virá, mas o tereiro... Vejamos! Quem sabe faço igual ao povo aí, dou uma distância grande do segundo para o terceiro. Ou não rs!
    Também não sabia da parte da população que se empolgava forte na quantidade de filhos. Bom né? O país precisa crescer. Mas não sei se daria conta rs...
    um abraço!

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  5. Vixi, acho que enviei meu comentário sem assinar... Só para avisar que fui eu quem escreveu.
    bj!
    Pati

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  6. Oi, Lu!

    A parte do "assim até eu" soltei uma gargalhada! É, não é fácil... Por isso achamos que é mais fácil pra quem tem, digamos, "financiamento".

    Eu achei seu texto super consciente. Vc começou sonhando, sonhando, depois foi acordando, acordando... Eu fiquei uns dias sozinha cuidando deles, administrando as despesas, teve consulta médica, exames caros, compras de supermercado, inscrição de colégio, enfim, uma confluência de despesas num mês só. Ufa! O dinheiro correndo pra fora muito rapidamente... E tudo imprevisto. É, manter uma família é muito dispendioso. Pelo menos para o contexto social no qual estamos inseridas.

    Adoro seu depoimentos sobre Israel, sempre.

    Bjs,

    Michelle

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  7. Lu....tb fiq uei chocada com o valor da creche!!! Adoro estes post..adoro conhecer mais de um lugar diferente!! Aqui como vc sabe.. Veio mais um no susto.. Tb pensava em ter tres, mas acho que ja vou ter um casalzinho.. E to muito feliz com isso!!
    Tb tem o fator financeiro e que meu marido que me ajuda muito.. Tem um trabalho que fica muito tempo fora.. Ou ainda ter que sair a qq momento!!! Bjos no Uri!!!

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  8. Amando conhecer esta blogagem coletiva....
    Passeando pelos blogs...
    Bj bonita

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