domingo, 16 de dezembro de 2012

Blogagem Coletiva - Dezembro em minha casa

Na semana passada, escrevi esse post lá no Mães Internacionais, contando a história e os costumes de Hanuká.

Hoje é dia de Blogagem Coletiva e todas as mães vão contar o que está acontecendo dentro da casa delas nesse mês de dezembro, que costumes elas mantêm do Brasil, quais elas incorporaram do país onde moram, como as crianças comemoram e etc.

Então vou contar pra vocês como foram os oito dias de Hanuká por aqui. Nós aqui em casa valorizamos muito as tradições, queremos construir, pouco a pouco, as memórias do Uri nessas datas, então pra gente, comemorar, nem que seja sem presentes caros ou grandes acontecimentos, é muito importante!

Hanuká começou na noite de sábado, dia 8 de dezembro e terminou ontem, domingo, dia 16 de dezembro. Foi o primeiro feriado judaico que o Uri entendeu relativamente, participou e vibrou, então aproveitamos mesmo. 

Não tinhamos planos pra noite da primeira vela (aliás, os dias são contados assim, por velas, por exemplo - "Queriamos convidar vocês pra virem aqui na 4a vela de Hanuká"). Eu decorei um pouco a casa com sevivonim (piões), arrumei duas hanukiot (uma que sempre acendemos e outra que o Uri touxe da creche), fiz um bolo de batata assado, arrumei a mesa e quando estávamos quase dando banho no Uri para jantarmos, nossos vizinhos e amigos vieram nos convidar para acender a vela com eles. Apesar do convite mais do que em cima da hora, pegamos nossa torta de batata e fomos. Foi muito gostoso, esse é um casal muito querido, ele israelense e ela colombiana, a família dela é muito simpática e animada (como bons latinos), eles têm duas filhas (uma de 6 anos e outra 1 mês mais nova que o Uri) e nós nos sentimos em casa mesmo. Foi uma delícia, comemos muitos bolinhos de batata, sufganiot (sonhos), uma sopa deliciosa e batata com creme branco.

meu bolo de batata que estava uma delicia e foi devorado
Ah, o Uri ganhou uns presentinhos, como manda a tradição. Na verdade nós demos mais presentes do que geralmente aceitamos dar (não gostamos de encher o menino de coisas), mas não foi tão mal assim. Ele ganhou 2 elefantes de pelúcia, um jogo de bloquinhos de madeira/puzzle e um livro (sempre damos livro junto com presentes). Ah, também dei um sevivon que se ilumina e toca música, coisa de chinês, e foi o maior sucesso. 




Na segunda vela ficamos os três por aqui mesmo. 


Na segunda feira, 3a vela, convidamos uma amiguinha do Uri do gan, que veio com a mãe, comemorar com a gente. Ela é a melhor amiguinha do Uri e é muito legal ver os dois brincando, conversando. De novo, bolinhos de batata, batata doce e cenoura e sonhos (sufganiot). 


comendo e brincando com o sevivon

a mesa colorida, como manda uma festa para crianças!


e se adoram...


Quis agradar cada criança que veio nos visitar esse ano (e vieram muitas!) e comprei um presentinho pra cada uma delas, coisinha pequena, massinha, livrinho, quebra- cabeça, essas coisas, e embrulhei junto com 2 moedas de chocolate, outro costume em Hanuká (porque os sonhos não são suficientemente doces, né?). 

Na terça feira eu fui trabalhar do escritório porque na frente dele está a minha confeitaria favorita nessa época do ano e eu queria comprar um sufganiot especiais pra gente. Antes de sair de casa sentei com o marido e o flyer deles e decidimos que sabores (dentre muitos e todos deliciosos) comprar - Floresta Negra, halva (um doce de gergelim típico daqui e maravilhoso), crème brulée e tiramissu. Não preciso comentar mais nada!




Na quarta feira a mãe do Ariel veio acender a 5a vela com o neto. Again, mesmo menu, mas sufganiot mais simples (eu já estava enjoando).

Quinta feira teve festa de Hanuká da creche, num espaço fechado para brincar, tipo um parquinho indoors, um lugar muito legal, ainda mais no verão escaldante ou no inverno frio daqui. Criancinhas apresentaram dancinhas, músicas e etc. Meu filho, contrariando sua personalidade de pop star, resolveu que aquele não era seu dia e não participou muito, mas tudo bem, ele terá muitas festas para isso.

Ah, uma coisa interessante é que nas festinhas de crianças pequenas não tem palco, as crianças dançam e cantam no chão mesmo, junto com as professoras. Há menos glamour, é fato, mas menos choro e desespero também! 


Poucos minutos de participação:




  


aqui  no colo da professora. Essa música fala o apelido de Hanuká - Hag HaUrim, e por isso que coloco o video aqui, não pela péssima qualidade dele. 


Juntei alguns videos aqui:










 Na sexta não teve creche; o único dia que ela fechou (creches e escolas públicas ficaram fechadas durante os 8 dias de Hanuká e creches particulares de filhos de amigos fecharam por 2 ou 3 dias, então eu fiquei no lucro). Nós então fizemos a "grande" festa de Hanuká aqui em casa - seis famílias - onze adultos (nossa vizinha colombiana não veio, a filha menor estava com febre) e nove crianças! Tinha uma verdadeira ONU aqui em casa - Brasileiras, israelenses, um uruguaio e até uma família de coreanos!!

Cada família trouxe uma coisa, o Ariel fez pasta caseira, todo mundo se divertiu, conversou, quem não se conhecia acabou se conhecendo, as amigas se encontraram, as crianças brincaram muito, enfim, foi uma delícia! Adoramos receber os amigos, adoramos a casa cheia!

  
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Tem coisa mais fofa que esses dois juntos?

caçando o coitado do gato
Para terminar, fomos convidados por esse casal de coreanos a uma festa na comunidade cristã deles no sábado à noite. Lá fomos nós, carregando o irmão do Ariel que veio nos visitar naquele dia. Na verdade é uma comunidade messiânica, que não é nada a nossa praia, mas enfim, fomos muito bem tratados, conhecemos pessoas simpáticas, comemos (mais!) comida deliciosa e enfim, encerramos essa semana cheia de comemorações, amigos, presentes e muita, muita comida. Não podemos ver fritura pela frente por um bom tempo!



Quer saber o que anda acontecendo nas casas de outras brasileiras espalhadas pelo mundo? Confira aqui!!





quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Hanuká

Estamos comemorando Hanuká essa semana. 
Hanuká é meu feriado favorito e estamos aproveitando bastante com o Uri. Ele está maior e entende mais, canta, brinca e curte muito.
Escrevi sobre Hanuká no Mães Internacionais hoje. Vai lá conferir!!

Na 2a feira que vem, vai acontecer uma Blogagem Coletiva sobre os feriados de Dezembro no mundo todo.

O tema é "Dezembro em minha casa" - Como comemoramos o Natal, Hanuká e outras festas. Como mantemos as tradições brasileiras e incorporamos a nova cultura do país onde vivemos.

Quer participar? Escreve pra gente lá no MI ! Mesmo se você não tiver um blog, podemos publicar o teu post na nossa página. E se você tiver um, manda o link pra gente e nós o publicaremos!



Chag Sameach!!! 


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Novo Mães Internacionais

Como eu já disse por aqui, eu faço parte de um grupo de mães brasileiras expatriadas e espalhadas pelo mundo - o Mães Internacionais. É um grupo muito legal, que se reúne no facebook para compartilhar experiências, dificuldades e alegrias e que também promove Blogagem Coletivas (em geral, uma vez por mês) sobre os mais variados temas que envolvem a maternidade em seu blog. Eu já postei aqui várias dessas Blogagens Coletivas, se você procurar nos marcadores, vai encontrá-las. 

Dai que há alguns meses muita coisa mudou no grupo, novas pessoas chegaram, outras saíram e foi resolvido que o site do Mães Internacionais merecia uma repaginada, novos ares, novas energias.

Passamos semanas conversando, trocando idéias, propondo, discutindo... Queríamos reabrir nosso site de uma forma diferente, aberto a tantas mães brasileiras criando seus filhos pelo mundo, queríamos trocar experiências, ouvir histórias novas... 

E então desde ontem o nosso novo blog está no ar. Ainda precisamos de uns ajustes, deixá-lo mais com a cara desse nosso grupo, mas o importante é que ele já voltou. 

Quer conferir? Entra aqui

Mães Internacionais

E se você é também uma mãe que vive fora do Brasil, longe da família, dos amigos e dos nossos costumes e quer contar pra gente sobre a sua experiência, entra em contato! Vamos adorar ouvir a sua história!!

Esse mês, todas as mães do grupo se uniram para escrever sobre os muitos feriados, festivais e festas nos seus países. Meu post sobre Hanuká estará lá na semana que vem. 

A partir de janeiro, teremos colunas fixas sobre Turismo, Aquisição de Linguagem, Culinária, Tendências, Brincadeiras e outros. 

Passa lá! 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Quem cuida do seu filho em Israel?


Esse é outro post que fez parte de uma Blogagem Coletiva do Mães Internacionais (originalmente no Grãozinho de Bico) e resolvi transferir pra cá.

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A licença maternidade paga em Israel é de míseras 14 semanas (3 meses e meio). Depois disso, se a mãe desejar, as empresas têm que aceitar que ela tire até os seis meses do bebê, mas ela não receberá mais pagamento por esse mês e meio. Após os 6 meses, fica a critério da empresa aceitar uma extensão ou não. Nem vou entrar no mérito do que é justo e o que não é, do quanto dói deixar o filho pequenininho e voltar para o trabalho e do quanto eu queria morar na Estônia, onde a licença maternidade pode chegar a 3 anos!!!

Então, chegada a hora maldita as mães têm algumas opções de cuidados pros bebês.

A comunidade russa (enorme no país), e muitos israelenses também, optam em deixar com a vovó. Na cultura russa isso é bem comum, minhas amigas do trabalho deixam os bebês com as babushkas e eu vejo um monte delas passeando com carrinhos por ai. Essa, pra mim, seria a opção ideal (tirando a de eu poder ficar em casa até o o primeiro aniversário dos meus filhos). Na minha opinião, até 1 ano de idade, o bebê não necessariamente precisa de contato com outros bebês, não precisa de muitos estímulos fora os que são dados pela mãe, se essa realmente passar um tempo de qualidade com o seu filho. Tipo aula de inglês, de música ou de sei lá o q, na minha opinião, é bobeira antes de 1 ano. Contato com outras crianças é legal, principalmente depois de uns 9, 10 meses, mas se a mãe tiver um círculo de amigas com filhos da mesma idade, se levar sempre no parquinho, se procurar atividades para bebês (no shopping na esquina de casa, tem encontros semanais e gratuitos para mães e bebês, com atividades que estimulam o desenvolvimento deles), a escolinha não é realmente fundamental.

Quem, como eu não tenha a safta (vovó, em Hebraico) por perto, mas ainda acha q o bebê deve receber um cuidado 1:1 nos primeiros meses, apela pra babá (ou metapelet). Aqui em Israel, a metapelet pode estar na sua casa ou na casa dela mesmo. Se for na sua casa, ela é, a priori, contratada pra cuidar do bebê, não da casa. Você pode combinar que ela cuide da roupinha dele e faça a comidinha dele enquanto ele dorme, mas não mais do que isso. Se vc quiser que ela faça qualquer outra coisa, tem que pagar a parte, o que é muito justo. O salário de uma metapelet varia, vai de 2 mil e poucos shekels (mil e poucos reais), a uns 5 mil, dependendo do número de crianças, da quantidade de horas trabalhadas por dia, e do que ela vai fazer na sua casa e pro bebê.

Dá também para deixar o bebê na casa da babá, se ela preferir e se você concordar (e ainda por cima achar estranho ter alguém enfiado na tua casa o dia todo). Essa é uma ótima alternativa também, desde que a babá escolhida seja uma pessoa de extrema confiança e que tenha indicações. Nas duas opções, vale combinar todos os detalhes, os horários, o que pode e o que não pode fazer com o bebê e em geral, principalmente se for na casa dela, porque a gente tende a se sentir menos à vontade e não fala desde o início, ai acontecem coisas que te desagradam, mas você acaba não falando nada. Por exemplo: Você combina com a babá o período de 9 às 16. Estando na casa dela, você até imagina que tudo bem ela fazer o almoço e comer enquanto o bebê dorme. Isso é normal, isso é aceitável. Porém, chegar na casa da babá e encontrar o teu filho, que já engatinha, preso no carrinho (sempre detestei carrinho dentro de casa, criança tem que ficar livre, aqui o carrinho fica do lado de fora, meu filho nunca ficou sentado no carrinho em casa), na cozinha com ela, enquanto ela limpa a casa com litros e litros de água sanitária. Isso não é OK!!!! Não é OK porque você não paga a babá pra limpar a casa dela quando poderia estar brincando, passeando ou cuidando do teu bebê e é menos OK ainda porque manter um bebê num ambiente fechado com cheiro de água sanitária é perigoso. Então, aprenda comigo: Combine tudo, escreva, converse, pergunte, teste. Não tome como certo que a babá vai pensar como você e querer o melhor pro teu filho. Talvez o melhor dela não seja tão bom assim. E fale tudo que te incomodar, desde sempre, pras reclamações não se acumularem e tudo ficar pior. E isso vale para babás israelenses, russas, brasileiras, argentinas, filipinas...

Os pais que não têm condições de ter uma metapelet, podem contar com uma outra opção: Algumas mães de bebês que podem ficar mais meses em casa mas que desejam aumentar a renda familiar, pegam mais um bebê pra cuidar junto com o seu. De novo, é uma ótima alternativa se você conhecer essa mãe, ou tiver muitas e excelentes indicações dela. E de novo, combine TUDO.

Há outras pessoas que resolvem cuidar de 3 a 4 bebês em suas casas. A isso se dá ao nome de mishpachton . Eu não sei dizer se há algum regulamento ou fiscalização para os mishpachtonim (plural de mishpachton), ou se quem quiser abre o seu e pronto. Já ouvi histórias horripilantes sobre eles, da cuidadora que espanca criança, de comida de pouca qualidade, de crianças jogadas em frente à TV o dia todo. Por outro lado, já ouvi falar de cuidadoras cuidadosas (há!) e carinhosas, lugares limpinhos e próprios pros pequenos, enfim, é a opção pra quem não quer ainda colocar o seu filho numa creche com muitos bebês.

As creches (ou ganim) aqui podem ser públicas ou privadas. Geralmente, as públicas, as gratuitas, começam aos 3 anos de idade da criança. Antes disso, há creches de entidades beneficentes que têm um bom desconto na mensalidade. Para isso, a mãe tem que provar q a renda familiar é mais baixa e o desconto é dado de acordo a isso. Esses ganim são muito concorridos não só por esse fator econômico, mas pela qualidade nos cuidados com as crianças (segundo contam). 

Nós pagamos pro Uri o equivalente a 1250 reais, pro período de 7 às 4 (se quiséssemos até às 5 seria 50 reais mais caro) de domingo à quinta e 7 às 12 às sextas feiras. Nesse preço estão incluídas 3 "refeições" - café da manhã (que pra gente seria mais um lanche da manhã, porque é "tarde", 9 e pouco, e ele toma café da manhã em casa), almoço e um lanchinho à tarde (não considero refeição porque ele sempre chega em casa morrendo de fome), algumas aulinhas extras por semana (yoga e esporte para crianças pequenas e musicalização) e só. Fraldas, lenços umedecidos, creme pra assadura, leite artificial (se for o caso) são mandados pelos pais.

Há ganim bons e ruins, como em todo lugar, eu acredito. Os espaços podem ser grandes, arejados e arrumados, mas também pequenos e bagunçados. Há ganim com camêras que filmam tudo e os pais podem ver os filhos pela internet, há ganim que mandam fotos pros pais das atividades dos pequenos com uma certa frequência, há ganim onde tudo é uma bagunça. Tem que saber procurar e acima de tudo, ter recomendações de gente conhecida.

Ainda pra essa faixa etária (até os 3 anos), há ganim religiosos, russos, bilingues (inglês e hebraico). Esses ganim têm uma certa fiscalização do governo, mas não são administrados por ele. A partir dos 3 anos, a criança vai pro gan trom-trom hová ("creche pré-pré obrigatória") e aí sim é o governo que manda e fiscaliza, há um planejamento a ser seguido, que é igual para todos e ele é Hebraico. Mesmo se a criança for para o gan onde só se falava russo até essa idade, ela terá que ir ao gan hová "nacional" quando for a hora. Esse gan é gratuito e funciona até às 13 ou 14 horas. Se os pais precisam que a criança fique até o final da tarde, pagam pelo tza'aron (falo dele aqui embaixo).

Aos 6 anos eles começam a escola, que é pública também (há escolas particulares, mas elas são as bilingues, as internacionais, enfim, as "especiais"). No ensino fundamental (até a 5a série de quando nós estudávamos - já me perdi com as mudanças na nomeclatura no Brasil ) as crianças estudam só na parte da manhã e um ou outro dia saem um pouco mais tarde.

Pras mães que trabalham e não têm onde deixar os filhos (maiores) na parte da tarde, há os tza'aronim, tanto nas escolas quanto fora delas. São lugares onde as crianças almoçam, passam a tarde, têm ajuda pra lição de casa, às vezes atividades como pintura, artesanato e brincadeiras dirigidas.

A minha opinião sobre o sistema, baseado no que vivemos até agora com o Uri (1 metapelet e 2 ganim particulares) ? Talvez por falta de sorte, talvez por exigência minha (confesso, sou chata), mas não estou satisfeita. com a metapelet, além de outros problemas que não têm a ver com ela (era longe demais), faltou comunicação no começo, faltou pontuar muitas coisas e eu acabei não falando de coisas que me incomodavam desde o começo, fui deixando passar e depois elas ficaram insustentáveis pra gente.

O primeiro gan que ele foi era longe demais (20 minutos pra ir, 20 pra voltar, mais os minutos que passávamos lá, quase 1 hora perdida de manhã e à tarde) e era ruim. As cuidadoras não paravam no emprego (forte indicativo de um mau local de trabalho). Eu tinha a impressão que meu filho ficava jogado no chão o dia todo, salvo quando comia ou dormia, e não era estimulado de maneira alguma. Eu não gostava das cuidadoras, não confiava. Enfim, não era bom. Ainda assim, demorou 6 meses pra eu me convencer de que o problema era o gan, não eu e a minha exigência.

Ai encontramos esse novo gan, na rua de baixo de casa, o que tranformou a nossa vida para melhor, temos muito mais qualidade de vida com o Uri, de manhã e à tarde (e até hoje eu e o marido nos perguntamos onde estávamos com a cabeça de colocar o nosso filho em dois lugares tão longes - a metapelet e o outro gan). Eu gosto muito de duas das 3 cuidadoras fixas, são mais velhas, são mães e se preocupam pra valer com o bem-estar das crianças. A terceira cuidadora é a dona do gan e responsável pela parte "pedagógica". Eu gosto dela, acho que ela faz um trabalho legal com as crianças, mas já a peguei gritando, o que eu não gosto. Fora que às vezes eu sinto que ela é um pouco falsa, fala as coisas que eu quero ouvir. Uma coisa que me incomoda bastante é às vezes chegar e a filha da dona (uma pirralha de 22 anos antipaticíssima e sem o menor appeal com as crianças) estar cuidando deles porque as outras cuidadoras já não estão. A comida é OK, mas o cardápio não varia muito e o pior, na minha opinião, é que oferecem doces pras crianças, pão com chocolate no lanche, Bamba e balas nas festinhas. Isso vai muito contra o que eu e o marido queremos e ensinamos ao Uri, mas recentemente, vendo meu filho deixar um bombom derreter na mão por falta de interesse e se acabar de gritar porque acabou o melão cortadinho no potinho dele, percebi que o nosso trabalho está feito, meu filho pode até comer um doce ou outro na creche (mesmo com toda a minha indignação com isso), mas só de não termos porcarias em casa - pelo menos não ao alcance dele - e ele vendo muitas coisas saudáveis por aqui, já adaptou o paladar. 



Além disso, eu percebo que o Uri aprende bastante coisa no gan, tanto no convívio social - guardar os brinquedos, aprender a dividir, a escutar comandos (como o de sentar e escutar) como músicas e palavras em Hebraico (coisa que não aprende em casa). Um dia, do nada, o vejo cantando musiquinhas em Hebraico, fazendo gestos, e percebo que ele tem sim um mundo "dele", longe dessa casa e da nossa influência.

De qualquer forma, pelo q eu ouço por aqui, apesar de diferente, o ensino em Israel é bom. Quer dizer, se compararmos às melhores escolas particulares do Brasil, claro que ele sai perdendo, mas sendo o ensino fundamental público, ele é bastante razoável. Quanto às creches, eu sinto sim falta de uma boa creche particular pro Uri, dessas ueq eu vejo nos blogs por ai. Aqui o negócio é diferente, não tem tanto capricho, mas como eu sei que me dedicaria à educação dele em casa de qualquer maneira, me forço a não ficar me lamuriando e não tentando comparar muito

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Receita de hummus


Hummus (ou hommus) é outro prato típico israelense herdado dos primos árabes, e nada mais é do que uma pasta de grão-de-bico e tahine. Hummus é um alimento bastante nutritivo, contendo uma grande quantidade de proteínas, fibras, gordura mono-insaturada e ferro. Hummus, em hebraico, quer dizer "grão-de-bico".


Hummus é outra paixão nacional. Na maioria das casas que eu conheço, ele faz parte da lista de compras do super assim como o requeijão no Brasil. As crianças adoram, os bebês comem desde muito cedo, os adultos não vivem sem.

Eu confesso que não era muito fã não, principalmente dos que se compra pronto no supermercado (aqui temos uma área do super só dessas pastinhas, que israelense chama de "salada" - hummus, tahine com salsinha, salada de beringela, salada de pimentões e mais um monte - AMO). Eu não via graça nenhuma nele, achava seco, não entendia esse amor todo.

"Oi, sou vendido no super e não sou gostoso não" 

Mas ai um dia eu fiquei com vontade de ir numa "hummusiá", um restaurante que basicamente só serve hummus, com variações - hummus com grão-de-bico, hummus com um tipo de feijão, hummus com pinhole. Geralmente também tem ovo cozido, pepino em conserva, tomate e cebola. E só. Esses restaurantes são bem pequenos e a galera costuma dividir as mesas, ou seja, se você está com o seu marido em uma mesa com 4 lugares, pode crer que outro casal pode vir e sentar junto. Estranhissimo, mas acontece, costume local e só em hummusiá.




Dai que eu fui com o meu marido em uma hummusiá em Jaffa (Yaffo) e ai sim eu entendi o amor todo pela "pastinha". O gosto do hummus fresquinho e natural é outro. E é bom!

Há um tempo o marido veio com a idéia de fazermos hummus em casa e uma receita. Não levei fé, mas tentamos e não é que o negócio é bom e muito, muito fácil? O único probleminha é que não dura muito na geladeira (uns 4 dias), mas dá pra congelar numa boa.

Então a receita é assim:

Pra uma xícara de grão-de-bico cozido, junta uma xícara de tahine (receita aqui pra quem não achar no supermercado), o quanto bastar de água pra dar o ponto de pasta (usamos a água do grão de bico), suco de meio limão (ou mais, dependendo do gosto), sal e temperos (alho, páprica e salsinha) à gosto. Bate tudo no liquidificador e pronto! Claro que dá pra aumentar a receita, observando as proporções.

Nós aqui usamos grão-de-bico enlatado ou aqueles pré-cozidos congelados. Eu descongelo em água fervente e uso essa água na receita. Mas dá pra usar grão-de-bico cozido, aí tem que deixar um pouco de molho antes.

Dá pra comer com pão sírio (pita) ou até com legumes (cenoura, pepino, pimentão) em tiras.

Ah, e não esquece de um fio de azeite generoso por cima.

Faz e me conta!




Obs 1: Eu não consigo responder comentários por aqui (não sei porquê), então deixa seu email pra que eu não pareça mal educada e ignore o que você escreve!! :-)

Obs 2: Fotos do google.


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O parquinho dos bebês

Eu tinha proposto mostrar alguns parques daqui de Israel, mas depois do Sportek, acabei não mostrando mais nenhum.

Mas me redimo e mostro hoje outro parque que fica bem pertinho daqui de casa, ao qual nós vamos bastante. Eu e o meu marido o chamamos de "parquinho dos bebês", ou "parque dos prédios" (porque ele fica entre 2 prédios, parece até o playground particular deles). 

"Parquinho dos bebês" porque realmente ele é o mais propício para crianças menores. O chão é de grama artificial, os brinquedos são mais baixos e mais adaptados aos pequenos engatinhantes e recém-andantes e como ele fica numa área menor e mais fechada, é menos atrativa a crianças maiores andando de bicicleta, coisa que me deixa bem nervosa em outros parques, porque meu filho ainda não se dá conta e anda pra lá e pra cá sem prestar atenção ao movimento e muitas vezes as próprias crianças de bicicleta (patins, patinete e afins) são pequenas e não tomam cuidado com os pequenos pelo caminho. Então nesse parque eu fico mais tranquila quanto a isso. 

Além disso, o parque tem uma cobertura legal, o que garante menos sol no longo verão insuportavelmente quente dessa terra. Por outro lado, essa cobertura não tem iluminação e agora no outono e no inverno, quando o dia é mais curto, o parque fica escuro bem cedo, o que é um ponto negativo dele.

Outra coisa que nos incomoda muito é a falta de cidadania e de respeito de alguns (ou muitos) frequentadores do parque, que sujam o chão todo com casquinha de semente de girassol (mania nacional), pacotes de salgadinho, bitucas de cigarros e até fraldas sujas!!! A prefeitura limpa sempre os parques, mas já aconteceu de chegarmos, nos depararmos com a catástrofe e a sujeira e darmos meia volta... Não consigo entender como, em primeiro lugar, alguns pais fumem tão perto de crianças. Se nós estamos em algum parquinho e vem alguém fumar perto dos brinquedos, pedimos pra se afastar. Eu acho que é nosso direito, e principalmente das crianças (e dane-se se acharem ruim). Além disso, esse é um (dos muitos) parques tão bonitos, tão planejados e tão curtidos por aqui, tanta gente no Brasil gostaria de poder levar os filhos num lugar tão legal e tão perto de casa, por que, por quê, meu D-us, não valorizar e não ajudar a cuidar? Juro, eu não entendo.

Mas enfim, nós levamos o nosso filho nesse parque desde os 7, 8 meses de idade, quando ele só engatinhava a gente muitas vezes o deixava solto pelo chão, junto com outros bebês. Hoje em dia ele corre e sobe em tudo e a gente fica por perto garantindo que ele não vá cair de algum brinquedo mais alto. 

Agora as fotos...

Tem uma área meio separada com algumas "estátuas" de bichos pras crianças subirem:




A parte dos brinquedos, coberta








jogo da velha!




sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Blogagem Coletiva - Dia das Crianças - Do que brincam os pequenos israelenses?


Em Israel não se comemora o Dia das Crianças como no Brasil. Acho que já comentei por aqui que temos um "Dia da Família" lá pra fevereiro, que engloba os dias das mães, dos pais e das crianças e mesmo assim é bem menos comercialmente explorado, pouca gente dá presente, não tem propaganda na TV, até eu ter filho eu mal me lembrava desse dia.

Além disso, propaganda infantil aqui deve ser proibida na TV, eu não me lembro de ter visto um comercial de brinquedo, mochila, CD, DVD, o que for, na TV aberta. Na fechada nem comercial tem. Acho ótimo, acho certo e um dia ainda comentarei mais sobre o assunto, que pra mim é muito importante. Apesar disso eu acho a população israelense bem consumista, crianças e adultos. Um exemplo disso são as sextas feiras e as vésperas de feriado por ai. Todas as lojas, todos os shoppings, todos os supermercados estão lotados, e o povo compra, compra, compra. Comida, coisa pra casa, brinquedos e mais brinquedos.

Já fui em casas de amigos que pareciam mais lojas de brinquedos, um moooonte de brinquedos iguais (tipo 4 carrinhos idênticos, talvez um detalhe de cor mudavam), bicicleta, triciclo, carrinho a bateria, patiente. Um monte de coisas, geralmente amontoadas, quebradas, faltando peça.

Juro, me dá aflição.

Eu acho que meu filho tem muito brinquedo, e ele não tem 1/4 dos brinquedos que eu vejo em muita casa por ai. Eu me lembro de ter saído para comprar brinquedos pra ele poucas vezes, ganhamos muitas coisas que eram de filhos de amigos e procuramos não ficar juntando tralha. Se não tem onde guardar nas prateleiras dele, vejo se ele brinca mesmo com aquilo e se a resposta for não, vai pra doação.

E quando eu lembro do consumismo desenfrado que eu via no Brasil, das milhares de propagandas de brinquedos, principalmente nessa época do ano, da manipulação dos pequenos, me dá mais aflição ainda. 

Dai que há uns dias a Paloma me convidou pra falar um pouco sobre brincadeiras (e não brinquedos) em Israel, tomando parte de uma blogagem coletiva por ocasião do Dia das Crianças, promovida pelo movimento Infância Livre de Consumismo - "Compartilhe brincadeiras" e desde então eu tenho procurado observar as crianças à minha volta. 

Essa semana mesmo fomos à praia e entre catar conchinhas, entrar e sair do mar e "escrever" na areia com um graveto, percebi que brinquedo nenhum faz meu filho tão feliz quanto esses momentos em familia, e isso não é demagogia não! No alto dos seus quase 20 meses, ele está descobrindo o mundo e tudo, absolutamente tudo, é um laboratório pra ele. Muitas vezes ele pode ficar horas passando feijão de um recipiente pra outro e ignorar completamente o Fisher Price caro que ganhou.

Mas fato é que, com muitos brinquedos ou não, criança israelense brinca fora de casa, infinitas vezes mais do que os pequenos coitados brasileiros presos dentro de casa e nos shoppings. A grande maioria aqui é criada no parquinho da esquina. Nós mesmo temos uns 5 num raio de 100 metros do nosso prédio e poucos são os dias que não levamos o nosso filho em um. E eles estão sempre lotados. Pais, mães, avós, avôs, bebês, crianças maiores sozinhas, bicicletas, patinetes, bola, etc etc.

Quer ver como ele curte??? 








Eu gosto muito de ver isso, acho que é infância saudável, fora de casa, ao ar livre, no sol, gastando energia, correndo, se sujando. Eles também assistem bastante televisão, mais do que eu acho certo e legal, mas pelo menos têm os parques pra "balancear".

Daí que eu sai perguntando pra uns amigos israelenses sobre as brincadeiras de infância por aqui (já que o Uri ainda é pequeno e pouco brinca com outras crianças fora da creche). Eles me mandaram uma lista, mas eu acredito que a maioria seja de brincadeiras da infância deles, e pouco se brinca com elas hoje em dia. De qualquer forma, algumas são bem parecidas, ou são versões das nossas brincadeiras clássicas, lá no Brasil...

5 אבנים - chamesh avanim - 5 pedras

O famoso jogos dos 5 saquinhos, só que aqui são 5 pedrinhas. Pelo que eu andei vendo por ai, no passado, haviauma diferença nas regras do jogo em Tel Aviv e em Jerusalém (esse era mais complicado!).


o jogo, como é vendido

                    



גומי - Gumi - Brincadeira do elástico

Aparentemente as regras são as mesmas do clássico dos anos 80: 3 participantes, dois seguram o elástico na pernas enquanto o terceiro "pula", de acordo a uma coreografia e algumas fases - a de "não pode falar", a que um fala "stop" e o que está pulando tem que ficar como uma estátua, a de pular com um pé só, a de pular com os olhos fechados...




דוקים - Dukim - Pega-varetas


41 varetas coloridas - O obejtivo é pegar o maior número possível de varetas, sem mexer as que estão em cima.



קלאס - Class- Amarelinha

As mesmas regras do nosso jogo no Brasil - jogar a pedrinha, pular um pé só em cada quadrado, recolher a pedrinha sem cair e chegar no "céu"!



מחניים - Mechanim - Queimada

As regras, pelo que eu entendi nas minhas pesquisas, são as mesmas das que jogávamos nas ruas e nas escolas lá pelos anos 80. Dois times, um participante de cada time são escolhidos para lançar as bolas, tentando "queimar" os outros participantes que estão mais perto. Se algum desses particpantes do "meio" consegue pegar a bola sem deixá-la cair, ele passa a ser o atirador. O objetivo é que um dos times consiga queimar todos os jogadores do time adversário.




כן לא שחור לבן - Ken, Lo, Shachor, Lavan - Sim, não, preto, branco

Esse é um jogo de palavras, onde o "desafiado" tem que responder perguntas sem usar as palavras sim, não, branco e preto. Obviamente, quem faz as perguntas, tenta forçar o desafiado a respondê-las usando essas palavras.

איקס עיגול -  iks igul -Jogo da velha

O legal é que em muitos parquinhos por aqui, as crianças têm um brinquedo de jogo da velha, como esse:




Essas brincadeiras são as mesmas que as nossas, mas os nomes são ainda mais interessantes!


דג מלוח - - Dag Maluach - Arenque (!!) - - Esconde- esconde

Uma criança, com os olhos tapados, conta até 10 enquanto os outros se escondem. Ao terminar, ele anuncia "1, 2, 3... arenque!" e sai a procura dos outros. O objetivo é que os escondidos cheguem ao local onde o "arenque" estava contando, sem serem pegos por ele. O jogo é igual ao nosso, o nome é que é diferente e inusitado.





 "A vovó está bordado" - Cama de gato - סבתא סורגת -










הרצל אמר - Herzl mandou- "Seu mestre mandou"

esse é o cara
Theodore Herzl foi um dos precursores do sionismo e é, sem dúvida uma das figuras mais importantes da história do país. Tão importante, que quem manda, nessa brincadeira, é ele!









Enfim, achei essa BC muito gostosa de pesquisar e escrever. Apesar de não termos muitas brincadeiras diferentes (além dos nomes delas), foi legal relembrar do que eu mesma brinquei por tantos anos. Deixa só o Uri crescer... 

Gostei também da repercusão da campanha do ILC nas últimas semanas no facebook. Quem sabe não é um começo de uma nova era, com mais brincadeiras, mais tempo em família e menos consumismo?






A maioria das imagens das brincadeiras é daqui