sábado, 18 de agosto de 2012

Blogagem Coletiva - Paternidade Ativa em Israel

Domingo passado comemoramos o Dia dos Pais no Brasil. Apesar de não termos essa data em Israel (nem Dia das Mães na verdade, temos um Dia da Família em fevereiro), eu e o Uri fizemos uns agrados pro Ariel, compramos um presente e fizemos um dia especial para ele, como uma homenagem.

Mas a verdade é que presente mesmo ele se dá e recebe todos os dias, desde que o Uri nasceu, em fevereiro de 2011: O direito, o dever, o prazer e a felicidade de ser uma parte ativa na vida e na criação do filho dele.

Eu sempre tive isso muito claro na minha cabeça: Num país onde poucas são as mulheres que não trabalham fora e onde se vive e cria os filhos sem ajuda nenhuma (ainda mais quem, como nós, não tem família aqui), estranho (e injusto) seria se fosse diferente. 


Desde antes de engravidar, quando éramos namorados ou casados-sem-filhos, nós sempre dividimos tudo aqui em casa. Sempre detestei o termo "ajuda", que dá a conotação de que a obrigação mesmo é da mulher e o homem, se faz uma parte, está fazendo um favor e ajudando. Não, pra mim sempre foi muito claro que numa casa com dois adultos, dois trabalham, dois pagam as contas, dois sujam, dois comem, dois bagunçam, dois limpam, dois cozinham, dois arrumam. Assim é justo pra todo mundo. Como não somos robôs, acontece de um ter uma folga e acabar limpando a casa sozinho, ou o outro estar mais cansado e pedir uma folga pra lavar a louça, mas no geral, tudo é feito pelos dois por aqui.

E não podia ser diferente com a criação e os cuidados do nosso filho. Por interesse meu, eu sempre li, perguntei e aprendi muito sobre gestação, parto, bebês, educação, criação. O Ariel tinha menos paciência pra buscar informações na internet, mas mesmo assim sempre conversamos e planejamos muitas coisas juntos. Todos os ultrassons foram marcados em horários que possibilitavam a companhia dele. As compras para o bebê foram feitas juntas, assim como a arrumação do quarto e das coisinhas dele. Naqueles longos noves meses, tivemos tempo suficiente para sonhar, planejar e combinar como seria quando o nosso bebê estivesse aqui. E foi assim que decidimos que a hora do banho seria o momento deles, desde sempre. Que após um dia inteiro com o Uri (quando eu estava em licença maternidade, até os 4 meses e meio dele), seria o meu momento de descansar, tomar um banho sossegada e deixar pai e filho se curtirem e se conhecerem. Assim também com a "mamada dos sonhos", aquela dada antes da gente dormir, com o bebê dormindo. O Ariel, até o Uri completar 1 ano, deu a mamadeira dele, todos os dias, às 11 da noite. Em dias em que ele saía cedo para trabalhar e voltava muito tarde, aquele era um dos seus poucos momentos com o filho. 

Talvez pelo meu interesse e meu preparo, posso dizer que o meu lado mãe nasceu junto com o bebê, ou mesmo antes dele. Tudo parecia natural, parecia tomar o curso certo, mesmo com as dificuldades de um recém nascido em casa. Pro Ariel não foi a mesma coisa, mas com certeza, a vontade dele de acertar, a falta de corpo mole ou de preguiça, fizeram com que ele aprendesse como cuidar do Uri tão bem quanto eu. Passamos a primeira semana do bebê em casa brincando de boneca, conhecendo nosso filho, aprendendo juntos a cuidar daquela criatura tão pequena, os dois juntos, sempre. Enquanto eu amamentava, ele pendurava roupa. Enquanto ele tomava banho, eu esquentava o almoço. Demos os primeiros banhos juntos, mais por curiosidade e emoção minha do que por medo do Ariel não fazer bem. Nos revezamos à noite, nos revezamos nos cuidados durante o dia.


E com o passar do tempo a dedicação e a "parte" do Ariel só foi crescendo e ao longo desses 18 meses do Uri, posso dizer que não há nada que eu faça que o pai dele não possa fazer ou não faça também. Ele leva e pega na creche, conversa com as cuidadoras e dá recados se precisar. Ele prepara comida, alimenta, limpa, dá banho, brinca, distrai, educa. Se preciso for, ele fica em casa cuidando de uma doencinha enquanto eu trabalho, faz inalação e leva no médico se for necessário (Ok, às vezes eu tenho que escrever num papel tudo o que ele precisa falar e perguntar pra pediatra, mas tudo bem...). Ele leva pra passear e me dá umas horas sozinha em casa (apesar de eu preferir fazermos coisas juntos em família, também acho lindo saber que eles estão, juntos, fazendo a história deles e construindo as memórias dos dois).

Houve, e ainda há, momentos de pisadas na bola, de esquecimentos (não do filho, mas do casaco num dia mais frio, da garrafinha d'água), de rateadas... mas tudo isso faz parte do crescimento dos três como família. E tenho certeza de que muito do sucesso disso vem da vontade dele de participar e de aprender e da minha de dar espaço pra eles. 

O Uri é apaixonado pelo papá dele. É lindo vê-lo chegar em casa da creche comigo e procurar pelo pai. É lindo vê-lo sair correndo em direção à entrada da casa quando o pai enfia a chave na porta. É linda a confiança e o amor que eles têm um pelo outro.

E tenho certeza de que se o pai fosse um mero "pagador de babá", as coisas não seriam assim. Fico chocada ainda ao ouvir histórias de amigas (na maioria brasileiras vivendo no Brasil) que não podem sequer tomar um banho em paz porque os maridos não ficam com as crianças "porque não sabem".

Nossa família não é excessão em Israel não. Todos os dias vemos pais levando as crianças nas creches, indo à reuniões nas escolas, levando no médico, brincando nos parques, passeando com bebês novinhos na rua. É tudo tão natural pra gente que acho que hoje em dia estranho pra mim é pensar num pai que não participa ativamente da vida dos filhos, que não é parte integrante do dia-a-dia deles. 

Eu acredito seriamente que todos na família ganham com isso. As mães ficam menos sobrecarregadas, os pais têm o direito de sentir emoções (boas e ruins) que não sentiriam se as coisas fossem diferentes e os filhos têm a oportunidade de aproveitar duas formas de cuidados, de educação, de amor, dois jeitos , duas personalidades diferentes. Recomendo pra todo mundo!!


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4 comentários:

  1. Tb não vejo como o pai nào ajudar.. Mas ainda sim.. Temos isso !! Tenho uma amiga que o marido alem de trabalhar muito, nunca a ajudou.!! Aqui em casa, tenho ajuda da babá, minha mãe ta sempre poor perto, mas Qd esta em casa, e esta eh a questão, mecajuda muito!!! Tb tem o momento banho, sempre trica as fraldas, brinca all the time... E com td o que não pode.. A ate deseduca o que ja ensinei!! E aí ... Que deixo deitar e rolar... Pois o LF sente muito esta ausencia do pau, o chama dia de semana.. Conversa com ele ao telefone!!!eh um paizao!!! Ainda mais comigo gravida.. Agora com a segunda gravidez e com todas as complicaçoes, viu a importancia de estar perto... E mesmo trabalhando muito , nao deixa de me ajudar!!! Tenho orgulho do pai que escolhi pro meu filho!!! Tb tem uns esquecimentos, mas da pra fazer vista grossa!! Rsrsrs somos exigentes!!!
    Eu que te acompanho tb vejo como o Ariel te ajuda e como eh bom ele estar todo dia com o Uri!!! Bjos mil nesta familia linda!!!

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  2. Quando eu escuto alguém dizer essa de que o pai "não sabe" tomar conta eu quero secretamente dar uma porrada na mãe. Sério.
    Beijos

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  3. Esse é o que podemos chamar de Pai do ano! kkkkk
    Bem legal essa matéria, mas confesso que não comemoramos aqui em casa o dia dos pais. Primeiro porque não tenho pai (falecido). Segundo, porque criei minhas três filhas sozinhas(o pai delas é ausente por conta própria). Então pode esquecer essa coisa de mamadeira, levar na escola reuniões ou qualquer data comemorativa - Ele simpesmente se omite! Fazer o que,né? Bjs

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  4. Na minha familia raras as vezes que vi algum dos meus tios sendo super participativo, aqui o Mario foi educado e cada dia aprende um pouquinho, fica com a Bella p/ eu passear com as amigas, so nao curte ir sozinho no playground mas tbm nao forco, as vezes ele tbm da uma escorregadas, mas ngm e perfeito ne..rs
    Bjs

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