segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Pediatria em Israel

Esse aqui é mais um post que foi publicado no Nosso Grãozinho de Bico em uma das Blogagens Coletivas e agora vai ser adaptado e atualizado aqui. 


Aqui em Israel, não existe a hipótese de você marcar um pediatra antes do bebê nascer, como acontece no Brasil, pra pedir orientações. Primeiro q vc não vai conseguir, pq os planos de saúde vão pedir pra vc dar o nome do bebê (e o número do RG) na hora da consulta, e segundo pq mesmo q vc conseguisse, ia chegar no pediatra sem o bebê, pedindo orientação e ele ia rir da tua cara. Israelense é prático, não tem paciência, gosta de fatos e não de suposições. 


Quando fomos liberados da maternidade, nos pediram pra marcar uma consulta com o pediatra quando o Uri tivesse 10 dias. Foi nossa 1a saída de casa, eu e ele. A consulta era às 8 da manhã, cedo assim porque pedem pra você avisar quando for marcar q é um recém nascido, assim eles te dão a primeira consulta, pra evitar q o bebê fique exposto à crianças doentes na recepção. Logo cedinho, não tem espera, o ar está mais limpo e livre de doenças, e a clínica mais vazia. Acho legal e inteligente. 

Mamãe registra tudo - a 1a ida ao pediatra
(e a 1a saída de casa) - foi uma emoção!
Foi uma operação de guerra e tanto conseguir chegar às 8 horas com ele lá na clínica, eu já tinha deixado a bolsa dele preparada na noite anterior, massacumé, mãe recém parida, perdida de tudo, recém nascido sem horários, enfim, acho q eu levantei umas 5 da manhã pra dar conta de prepará-lo, tomar café,me arrumar, sair e chegar no horário (e a clínica fica a 10 minutos andando daqui). 

Ai chegamos lá, a doutora (eu marquei qualquer um q atendia no dia, não fazia diferença pois não conhecia nenhum) me pergunta como foi o parto, com quantos kilos ele nasceu, quanto mediu, se eu amamentava, bla bla bla, e ia anotando no computer, fazendo uma espécie de ficha pra ele. Depois, olhou pra mim e perguntou se eu queria q ela o examinasse ou se tínhamos acabado por ali mesmo. Como assim, dotôra? Claro q eu queria q ela examinasse!!! Aí ela pediu pra eu tirar a roupinha (as 12 camadas de roupinha q a mãe pôs no RN q saía pela 1a vez de casa, no inverno) e mal olhou na cara dele (como pôde? Tão lindo! rsrs). Virou ele pra lá e pra cá, examinou tudo, pesou, mediu, viu os reflexos e só. "Pode vestí-lo". Depois de uns 15 minutos pra vestir o pequenininho, eu pergunto com qual frequência devemos visitá-la (pensando q eu tava no Brasil) e ela responde "Espero q nunca. Você não precisa vir se ele estiver bem, só se estiver doente e espero q ele nunca fique". OK, eu também. Achei q a médica poderia ter sido mais atenciosa, procurei outros médicos nas vezes em q o Uri ficou doente, mas acabei voltando várias vezes nela porque ela atende por mais tempo e em horários mais convenientes pra mim. Com o passar do tempo eu passei a gostar mais dela, que é sim super prática, não fica procurando outros problemas, responde o q a gente pergunta, mas é carinhosa com ele (mais do q na primeira consulta) e se interessa mais. Vai ver q ela acha recém nascidos sem graça e prefere um bebê maior q já puxe o estetoscópio e o cabelo dela. 



Isso é a cultura daqui, os pediatras não estão ai para fazer a médicina preventiva, eles cuidam de quem está doente. Quem checa o peso, a altura, o desenvolvimento e dá as vacinas é um centro comunitário chamado, em hebraico Tipat Chalav - Gotinha de Leite. 


Eu vou nesse Tipat Chalav desde a gravidez. Quando eu estava grávida era pra pesar, medir pressão, glicose na urina, checar se eu fiz todos os exames, mandar eu pedir pro médico algum q faltasse, anotar tudo na caderneta de gestante, etc. Ela havia me pedido para avisá-la quando o Uri nascesse, e assim eu fiz. Na verdade demorou mais de 10 dias pra eu conseguir falar com ela, mas logo em seguida ela marcou uma consulta e lá fomos nós.


A enfermeira, a mesma de quando eu estava grávida, se chama Tamar e eu não sou muito chegada nela não. Ela tem bafo. Tá rindo? Chega perto dela. Até o Uri, o garoto-sorriso, não é muito fã dela também (certeza q  é por causa do bafo). Mas, tirando a halitose dela, ela faz a sua parte. A gente ia lá a cada 10 dias no primeiro mês, depois fomos aos 2, 3, 4 e 6 meses e agora só quando tiver vacina. Lá ele toma as vacinas, é pesado, medido, tem o desenvolvimento checado, o q eu acho meio q um erro, já q cada criança se desenvolve a seu ritmo e não é num ambiente artificial, com alguém com bafo de bode, depois de tomar vacina, de ser despido e pesado e esticado, q o Uri é o mesmo Uri e faz as mesmas coisas q ele faz em casa. Mas enfim, só uma vez ela cismou q ele deveria sustentar a cabeça qdo de bruços (com 2 meses) e quis q eu voltasse lá antes do tempo (prova de recuperação!), mas depois dessa ela sempre se surpreende e diz q ele está avançado pra idade dele. Por outro lado, se alguma criança tem alguma limitação séria é até bom q ela o avalie e encaminhe pra um acompanhamento mais especializado. Alguém tem q fazer, né? Se o médico não acompanha, a bafuda tá ai pra isso. Tá, retiro o q eu disse sobre não servir pra nada ficar vendo o desenvolvimento.  Além disso, ela veio uma vez aqui em casa quando ele tinha uns 3 meses, para "checar" se o bebê vivia em boas condições. Pode ser visto como invasão de privacidade, mas eu não me incomodei tanto assim, é uma forma do país se interessar pelos bebês, dar apoio, dar orientações. 


Eu até acho legal ele tomar vacina e fazer o acompanhamento nesse centro, porque é um lugar super limpinho e arrumado, e as crianças q vão lá estão saudáveis (pra tomar vacina não pode estar doente, né?). Acho mais legal do q ficar indo nas clínicas do convênio, já q cada convênio tem sua clínica e pode acontecer de todas as especialidades estarem no mesmo lugar e você ficar na sala de espera com o teu bebê e não só deixá-lo exposto às doenças ds outros bebês doentes, quanto dos adultos e velhinhos tossindo, espirrando e vai-lá saber o q mais perto dele. 


Aqui o sistema de saúde é semi-público. Difícil explicar, mas funciona mais ou menos assim: Governo paga uma parte, o teu trabalho outra, e você outra, de acordo com o q vc ganha. Isso pro serviço básico, mas vc pode ter uns planos especiais (em média uns 15 a 20 dólares por mês, por pessoa), q te dá desconto em remédio (e o desconto é ótimo  na maioria dos remédios), exames de graça e otras cositas más. Consultas com pediatra, clínico geral e ginecologista você não paga nada, e com especialistas você pode pagar uns 7 reais a consulta. 

Não existe ligar pro médico no meio da noite, porque aliás, nem médico pra chamar de nosso a gente tem (tirando gine e clínico geral). Passou mal de madrugada? Vai pro PS (ou chama médico em casa, pagando 35 reais a visita).  Se eu sinto falta de pediatras como no Brasil? Sim e não. Talvez eu sinta falta de uma consulta um pouco mais detalhada, mais explicações, principalmente quando o Uri era menor. Por outro lado, o sistema daqui funciona e é justo para todos. Não acho justo pagar um absurdo de convênio sendo q já pagamos tantos impostos, gosto de saber q todos no país estão usufruindo de uma saúde de qualidade e digna. Não sou do tipo de pessoa que ligaria pro pediatra de madrugada por uma febre, então essas coisas não me fazem falta não. 




3 comentários:

  1. Oi tia, sinceramente, nao da pra comparar a medicina/sistema de saude de israel com o do Brasil. Nao da e nao da mesmo....o daqui eh infinitamente superior, desde o nivel dos medicos ate o alcance do sistema.. Infelizmente o sistema de saude la (os tais convenios privados) tem medicos mal formados, mal pagos, mal equipados, que em geral se curvam aas "manias" do Brasileiro. No Brasil, medico bom eh o medico que da remedio e "faz pinuk". Filhos de amigas minhas com 2, 3 anos, tomando antibiotico semana sim, semana nao, mesmo a mae levando em varios medicos diferentes...O Brasileiro fica puto se o medico diz que "Eh Virus" e acha que o medico eh ruim...cansei de ver isso por ai. Na boa, tirando aqueles convenios mega ultra premium que atendem no Einstein.....Viva a medicina em Israel! Publica, irrestrita e BOA!...

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  2. Ai, Lu... Ainda acho pior aqui que nem pediatra existe, a não ser no hospital infantil, se for uma emergência. Consulta de rotina, prevençãou ou não, inexistente. Quem cuida é o GP, clinico geral.
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  3. Doda do Gagyu e do Dan

    acho o sistema de Israel fantástico. Tive a oportunidade (q não a sorte) de conhece-lo nas viagens que fiz e enquanto cuidava dos sobrinhos. A experiência mais incrível? Uma vez que fui no posto de saúde levar o Guy sozinha, sem a polva, porque ele tava com problemas no intestino.Como ele tinha ainda 2 meses, cheguei e fui atendida antes da hora. Conversas e mímicas com as enfermeiras e médica russa super atenciosas que tentavam entender qual era o problema e explicar em inglês macarrônico como cuidar do Gagui! Deu tudo certo e fiquei impressionada com o sistema. Outro nível...

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