quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Sukkot - A festa das cabanas

Dando continuidade às festas do mês judaico de Tishrei (iniciadas por Rosh Hashaná), essa semana comemoramos Sukkot. Sukkot é uma das três festas nas quais os hebreus faziam uma peregrinação para o Templo em Jerusalém (levando animais e cereais como forma de sacrifício)

Esse feriado dura sete dias (oito fora de Israel). Na verdade, o feriado mesmo (quando não se pode trabalhar, assim como o Shabbat, para os religiosos) acontece no primeiro e no último dia dessa semana. Os dias intermediários são chamados de Chol hamoed e aqui em Israel as escolas estão fechadas, alguns religiosos não trabalham e tiram férias, mas a maioria da população trabalha normalmente, como eu e meu marido. Há lojas e outros estabelecimentos comerciais que abrem somente por meio período durante essa semana.

A palavra hebraica sukkot é o plural de sukkah, que é uma estrutura murada coberta de skhakh (material de fábrica como crescimento excessivo de árvore frondoso ou folhas de palmeira). A sukkah simboliza a eminiscência do tipo de residências frágeis nas quais os judeus viveram durante os seus 40 anos da viagem no deserto depois do Êxodo da escravidão no Egito.

Durante toda a duração do feriado, os judeus religiosos fazem as suas refeições na sukkah e muitos dormem lá também. Muitos aproveitam as "férias" para fazer encontros com os amigos na sukkah, churrascos e festas. Restaurantes, shoppings, espaços públicos e algumas creches também disponibilizam sukkot para que  os observantes possam fazer suas refeições na sukka mesmo que fora de casa.


Mas a sukkah não é uma cabana qualquer, há uma série de requisitos para que ela seja considerada uma sukkah "válida". As paredes podem ser construídas de qualquer material (madeira, lona, desvio de alumínio, folhas) e elas podem ser independentes ou incluir os lados de um edifício ou pórtico. O telhado deve ser do material orgânico, conhecido como skhakh, como eu expliquei ai em cima. Também costuma-se decorar a sukkah com fitas, objetos de decoração pendentes, flores, desenhos (essa é a parte mais divertida para as crianças).

as 4 espécies - etrog, lulav,
hadas, aravah

Outro costume dos religiosos durante Sukkot é a benção sobre as Quatro Espécies - cidra, palma de tamareira, murta e salgueiro. Essas espécies representam a variedade de características na natureza e nos homens - cada árvore e fruta tem suas próprias qualidades, assim como as pessoas. 

No último dia de Sukkot, os religiosos rezam pedindo chuva no outono e inverno que estão por começar, tão necessária nesse país de clima desértico. 

(imagem do Google)

Aproveitando as temperaturas mais amenas e as férias das crianças, há festivais e atividades para as crianças e para as famílias em todo o país. Passeios, shows, atividades em shoppings e tudo mais para entreter os pequenos e deixar os pais mais pobres.

Para fazer uma ilustração real de como Israel fica, sai com o iphone a câmera em punho nos últimos dias e fotografei algumas sukkot que vi no caminho. Na verdade, apesar de no meu bairro morarem muitos judeus religiosos, achei que ia ver mais sukkot por ai. Jerusalém, por exemplo, parece uma favelinha nessa época, em todo e qualquer espaço livre há uma sukká!


Sukkah na frente de uma creche



Assim é a decoração de uma sukkah por dentro.
Esta está um pouco pobrinha porque a creche estava fechada durante
o final de semana, quando eu tirei a foto
As varandas-favelinhas




Esses já deixaram até as panelas pra próxima refeição - hehe
(tirei essa foto hoje cedinho, ela ficava ao lado da creche do
Uri)




quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Blogagem Coletiva - Laços de família

Minhas primas moraram fora do Brasil quase que desde sempre e nós passamos anos da nossa infância e adolescência trocando cartas, postais, cartões e bilhetinhos entre a gente. A nossa maior alegria era quando alguém ia ou vinha de onde eles estavam (Recife, Fortaleza, Bolivia, Honduras, Espanha) e trazia pacotes e mais pacotes de cartas e fotos, que tinham sido escritas durante semanas, contando como ia a vida delas, como estava a escola, as primeiras paixões, as viagens que elas faziam e etc.

Essa era a nossa única forma de comunicação, ligações internacionais eram caras e só eram feitas nos aniversários e outras datas especiais. Às vezes chegavam também fitas de vídeo com as aventuras da família, às quais nós (eu e minha irmã mais nova) assistíamos muitas e muitas vezes. Outras vezes eram fitas cassete, com os hits em Espanhol do momento, com falas e propagandas de rádio mal gravadas, e tudo era motivo de festa para gente, tudo era visto como a possibilidade de estarmos perto, mesmo que tão longe. 

Além da gente, eu me lembro do meu avô carregando as fotos dos netos "estrangeiros" pra cima e pra baixo, mostrando pra todos os amigos na padaria e na lotérica, contando orgulhoso do que via quando ia visitá-los, esperando ansioso por um fax do meu tio (que quase sempre dava problema, chegava cortado, a tinta acabava, mas era o ápice da modernidade no começo dos anos 90).

********************

Vinte anos depois, hoje eu me vejo longe do meu país, criando meu filho longe da família. E isso é triste. Eu vejo o tempo passando e a minha mãe perdendo os pequenos momentos do dia-a-dia da vida do neto, as gracinhas, as palavras novas, os abraços e os beijos melados que só uma criança de um ano e meio sabe dar. 

Quando decidi me mudar para Israel, filhos, apesar de estarem nos planos e nos sonhos, ficavam longe da minha realidade. Quando eu me vi grávida e sem ninguém para me acompanhar nos ultrassons, sem ninguém pra fazer compras comigo, percebi que quando da minha vinda, essas pequenas alegrias não estavam na minha cabeça e que hoje elas são importantes sim.

Mas não fico me lamuriando, eu fiz as minhas escolhas e não me arrependo delas, e como não há maneira de termos tudo na vida, vamos levando e tirando o melhor de todas as situações. Não tendo outra alternativa, fico felizes com que temos. 

E graças às maravilhas da modernidade e da tecnologia, hoje temos muito mais recursos do que apenas fitas de vídeo ou cartas escritas à mão!!

Eu sempre adorei registrar todos os momentos da gravidez e chegada do Uri para que ele um dia possa ver como foi querido desde sempre, como as pessoas vibravam com a vinda e a vida dele. Comecei um blog e nele contei (e conto) com detalhes sobre tudo o que aconteceu desde que ele foi concebido, para que todos, mesmo de longe, possam acompanhá-lo e expressar seu carinho por ele. Um dia quero imprimir os posts do blog e dar pra ele de presente. 

Colecionei todos os emails, mensagens, cartões, recados e comentários no facebook desde o dia em que descobri a gravidez e colei tudo em um caderno decorado. São fotos de US, poemas escrito pela bisavó, mensagens de amigos. Me deu muito trabalho fazer isso, mas foi uma forma legal de registrar esses momentos pra mim e pra ele, tenho certeza de que um dia ele vai gostar de ver o carinho de pessoas de longe para com ele. Eu mesma peguei o caderno outro dia e me emocionei com a expectativa de todo mundo, realmente, é uma delícia recordar esses momentos. Hoje em dia eu guardo mensagens e cartões em datas especiais, como o primeiro aniversário, não dá mais para salvar, imprimir, recortar e colar todos os recadinhos!






Fora isso, eu coloco muitas fotos e muitas atualizações da nossa vida no facebook, maldito e bendito facebook! Eu às vezes sinto que me exponho demais, mas essa é a maneira da família de longe acompanhar o que acontece por aqui.

Eu tenho uma irmã no Brasil e outra que trabalha num navio e cada dia está num lugar. Tenho primas nos Estados Unidos, no Brasil e na Espanha (as das cartas), que por sua vez têm filhas, que são as únicas priminhas do Uri. Meu marido tem família no Uruguai, um irmão em Israel, outro na República Dominicana e outra em Cuba. Fora os amigos... Ou seja, o Uri tem tios espalhados por todo canto e para que eles possam estar a par do q acontece na nossa vida, o facebook é uma maravilha.

Tem também o Skype e vira e mexe tem algum tio vendo o Uri comer, brincar e fazer gracinhas. No começo ele não entendia e ficava mudo, hoje em dia ele interage, "conversa", manda beijos e faz tchau. O iphone também me deixa mandar fotos, vídeos e mensagens instantâneas pra muita gente, contar os detalhes mais (in)significantes e nos aproxima muito da família e dos amigos de longe.

A minha mãe não é uma pessoa nada tecnológica, não tem e nem sabe usar um computador, então ela conta com a boa vontade do meu tio e das minhas irmãs para ver fotos e videos do neto e para promover conversas no Skype quando dá. 

Hoje em dia, as ligações internacionais são muito mais baratas (além das que podem ser feitas gratuitamente no computador ou smartphones, como no Viber ou FaceTime), um minuto para o Brasil pode ser mais barato do que um minuto dentro de Israel mesmo. Eu ainda tenho mais sorte, pois minha conta de telefone é paga pela empresa. Eu não abuso, mas sei que posso ligar sem custo algum para quem eu quiser (e a empresa sabe disso, antes que me chamem de aproveitadora). A nova onda do Uri é pegar o telefone e "conversar" com quem está do outro lado. Tirando o "auô" e o "taaaau... byyeee", não se entende muito o q ele diz (mas minha mãe deve achar que é Hebraico fluente), mas ele faz a alegria de muita gente. 

Não falo tanto quanto gostaria com a minha família porque todos são ocupados e o fuso horário atrapalha muito, mas entre mensagens no facebook, um comentário numa foto, uma ligação no Skype e outra no telefone, todos nos comunicamos minimamente bem.

Outra coisa que nós usamos muito por aqui são fotos. Eu gosto muito de porta-retratos, minha casa está cheia deles e nós sempre mostramos fotos pro Uri, ensinamos quam é quem e aos poucos ele vai "convivendo" com a família, nem que seja a estática, conversa com eles, aponta, ri, dá beijos.


As portas de entrada em Israel são de ferro, sempre, por motivos de segurança e como uma maneira de segurar o fogo no caso de um incêndio. Assim, temos um grande painel de ímãs à nossa disposição. Quando o Uri começou a engatinhar, coloquei ímã em uma foto da minha mãe e em uma da minha irmã e o ensinei quem era a vovó e quem era a titia. Ele aprendeu a reconhecê-las e era só falar em uma delas que ele apontava pra porta, desde uns 9 meses. E de vez em quando a gente o pega dando uns beijos nas duas... Meu objetivo era aos poucos encher a porta de fotos, mas confesso que deixei passar.

Em janeiro vamos pela primeira vez ao Brasil, eu e ele. Acho que como ele já vai estar perto dos dois anos, vai entender melhor, se socializar, formar laços com a parte da família que está lá, e a gente vai fortalecê-los na volta. Em junho passado fomos à Espanha visitar as minhas primas e até hoje ele "fala" delas. 

E assim vamos levando... Sempre morrendo de saudades, às vezes com o coração apertado, mas sempre fazendo possível para estarmos "juntos". 



Quer saber como outras expatriadas garantem o convívio dos pequenos com as famílias? Clica aqui!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Shaná Tová!!


No começo dessa semana, deu-se início, para os judeus de todo o mundo, as Grandes Festas, nome dado no Judaísmo ao período que se inicia no mês (judaico) de Elul e que engloba Rosh Hashaná - "Ano Novo Judaico", os dez dias de penitência, e que termina com a data do Yom Kipur (o "Dia do Perdão", ou "Dia do Jejum", como muitos conhecem). Outro nome pra Grandes Festas: Dias de Reverência ou Dias de Penitência.

Rosh Hashaná (ראש השנה, "cabeça do ano", literalmente) é descrito como um dia de julgamento onde D-us analisa as ações de toda a humanidade.

O ano judaico se inicia em Setembro ou Outubro (todo ano muda). Segundo a tradição judaica foi nessa data que Deus criou o mundo de Adão, o primeiro homem (começamos, portanto, o ano 5773!!!). Rosh Hashaná dá início a um período de julgamento para a humanidade, que termina em Hoshana (sétimo dia da festa de Sukot - q esse ano cai na segunda semana de Outubro), quando D-us senta em seu trono e determina o destino de cada indivíduo no ano em que se inicia.

A celebração começa ao anoitecer da vespéra com o toque do shofar (tipo um berrante, feito de osso de carneiro). É costume comer certos alimentos simbólicos durante Rosh Hashaná como maçãs com mel para desejar um ano doce e cenouras cortadas em rodelas, representando moedas douradas (e o desejo de paranassá - sustento - para as famílias). Também se come "rosh shel dag", cabeça de peixe. Esse alimento representa o começo do ano bom "com a cabeça", a parte mais alta do corpo, e não com o rabo! Também comemos a halá agulá, que é uma espécie de pão doce grande e redondo (e delicioso), simbolizando a continuidade e o cíclico, e romã, pois há o desejo de q no ano q está por começar os direitos do ser humano se multipliquem assim como o número de sementes q há dentro do romã. 

Durante a tarde do primeiro dia se realiza o tashlikh, um costume de recitar-se certas preces e jogar pedras ou pedaços de pão na água como um símbolo da eliminação dos pecados. Aqui em Netanya nós adoramos ver esse ritual na praia.

Israel fica em quase em clima de Natal nas semanas que antecedem Rosh Hashaná. As ruas estão lotadas de pessoas comprando presentes pra dar à família e aos amigos, os supermercados estão abarrotados e insuportáveis, cheios de gente e de ofertas "imperdíveis" e a mulherada não sai da cozinha. As pessoas trocam cartões - hoje menos com sms, emails, facebook- e ligam pra cumprimentar os amigos, as empresas promovem brindes e festas aos funcionários, e muitas dão um bônus ou algum presente nesse época (minha parte favorita). Acho esse clima o máximo!

Nós geralmente celebramos essas festas com uma família de amigos que eu conheci no Brasil e que, assim como eu, se mudaram para Israel. São por volta de 14 anos de celebrações juntas, muitas histórias engraçadas, muita comida boa, muita risada, pessoas agregadas e nos últimos ano, muitos mimos para a única criança da família!

E como desejamos "Feliz Ano Novo"? Desejamos a todos que sejam inscritos no Livro da Vida, que sejam a cabeça, e não o rabo (rsrsrsrs), que tenham um ano bom e doce - Shaná Tová umetuká, ou simplesmente SHANÁ TOVÁ!!



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Receita de pão de queijo

Pra aqueles que estão em Israel (ou outro lugar do mundo), e reclamam que não dá pra fazer pão de queijo, que não tem polvilho azedo, bla bla bla, uma boa notícia. Aqui vai uma receita que eu fiz ontem pela primeira vez e deu muito certo. Quem me deu a receita foi minha amiga Debi, confesso que não estava levando muita fé nela porque eram poucos ingredientes, achei que faltava ovo, fermento, mas resolvi testar e foi um sucesso. 

Então ai vai:

- Entre 2 e 3 xícaras de tapioca* (a receita dizia 2, mas eu fiz e quando coloquei as bolinhas na assadeira, elas "derretiam" depois de poucos segundos, então coloquei mais uma e deu certo. Acho que vai do tamanho da xícara, mas dá pra ver, quando a bolinha não desmanchar, ou seja, quando ficar bem duro, é o ponto).
Nota pós postagem (graças aos comentários das pessoas mais entendidas que eu): Farinha de tapioca é polvilho doce! (Eu juro que achava quer era substituto!)

- Uns 180 gramas de queijo ralado - pode ser parmesão (o q usamos), Tal Haemek, Gouda, e se colocar um pouqinho de queijo defumado ralado junto, fica melhor ainda.

- 1 caixinha de creme de leite (em Israel: Shamanet lebishul - 15% de gordura).

- 1 pitada de sal. Coloquei uma pitada mesmo, porque fiquei com medo do queijo salgar demais e faltou um pouco. Da proxima vez, coloco mais. 

E só!

É só aquecer o forno antes, misturar todos os ingredientes, fazer as bolinhas e colocar numa assadeira untada. No nosso forno (em temperatura média), estava douradinho (veja na foto) em uns 25 minutos. A receita rendeu uns 25 paezinhos (ou seja, tenho alguns congelados pro fim de semana!).

Ficou uma delícia, o Uri comeu como se não houvesse outra comida no mundo, achei que ele fosse explodir. Ainda coloquei uns quadradinhos de goiabada em alguns e ela derreteu lá dentro... hmmmm... 




* Como eu disse aqui, se encontra farinha de tapioca nos supermercados que vendem coisas indianas, filipinas e etc, no Eden Teva e parece que até no Shufersal também tem, na parte de farinhas especiais. 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Das coisas boas de Israel - Tahine (ou tchina)

Os árabes e o resto do mundo a chamam de tahine. Nós aqui em Israel a chamamos de tchina - o "ch" tem som de "rr" aspirado e a sílaba tônica é a 1a, mais ou menos assim: t-rrí-na.

Tchina é uma pasta de gergelim q além de ser super gostosa, é versátil e nutritiva.Rico em cálcio e sem glúten, ele pode ser consumido por pessoas com alergia ao leite, intolerância à lactose e celíacos. O gergelim é o único ingrediente da tchina, e como ele contém uma grande quantidade de óleo - cerca de 50% do peso da semente, mais do que a soja e as nozes - depois de trituradas, as sementes transformam-se numa pasta oleosa, densa, de cor bege, riquíssima em sabor e com inúmeros usos na cozinha.


Em qualquer mo mercado, a gente compra um pote de tchina pastosa, como esse ao lado, q geralmente mostra bem a quantidade de óleo que o gergelim tem - uma pasta bege escura assenta, enquanto uma parte de óleo fica por cima. ah, e podemos encontrar tchina preparada com gergelim "normal" ou com gergelim integral. O gosto, pra mim, é o mesmo.

 Ai tem q preparar o molho, o q é super fácil: É só misturar a pasta com água (gelada), suco de limão, sal e outros temperos (alho, salsinha, páprica) e ir misturando aos poucos até q fique na consistência que você quiser (pode ser que você tenha que adicionar mais tchina ou mais água até dar o ponto certinho).

 Esse molho fica gostoso em saladas, em cima de uma beringela ou pimentão assados (adoro), em cima de kibe (de bandeija ou frito), como um dip pra mergulhar palitos de cenoura, pimentão, pepino, e claro, aompanhando outros pratos típicos dessas bandas, como o hummus, o falafel e o schwarma (falarei deles um dia).

 Tem gente q adiciona a tchina em bolos e tortas (eu nunca fiz) e por ser um alimento muito nutritivo, as crianças o comem desde bem cedo. Na primeira creche que meu filho frequentou, batiam tchina com as papinhas de frutas dos bebês (fica bom, eu já experimentei).

Enfim, essa é uma das minhas aquisições gastronômicas nessa terra. É fácil de preparar, é gostosa e é nutritiva.

 Não tem tchina onde você mora? Ou tem e é muito caro? Nesse blog tem uma receita e outras curiosidades sobre ela.

 Aqui, um video bem antigo q eu e meu marido fizemos pra ensinar a minha irmã a preparar o molho de tchina.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Exemplificando o atendimento médico em Israel

(e seu lado bom e ruim).

Falei sobre a pediatria em Israel nesse post (q na verdade englovbou a Medicina aqui em geral) e hoje exemplifico. 

Há algumas semanas vinha sentido duas dores chatas, fortes e incômodas. Uma delas é na lombar, já havia teomado várias caixas de remédio, já tinha colocado bolsa de água quente (mesmo com o calor infernal), já passei alguns tipos de pomadas, cremes e géis, e nada resultou.

A outra dor era "interna", na região dos óvarios. Fui ao ginecologista, que me examinou, não encontrou nada de errado, e me deu uma guia para um exame de urina e um ultrasson dos rins.

Alguns dias depois, não aguentando mais de dor nas costas, corri na minha Médica da Família (Clinica Geral) e pedi uma injeção de relaxante muscular. Como o laboratório fica na mesma clínica, aproveitei e fiz o exame de urina que o ginecologista havia pedido.

A dor nas costas não melhorou, só piorou na verdade, e acabei tendo que marcar ortopedista. Tenho um ortopedista muito bom, Dr. Dotan, mas conseguir consulta com ele é muito dificil, provavlemente eu só conseguiria para daqui a uns 2 meses, então marquei com qualquer um que tivesse um horário livre nos dias seguintes.

Então numa 3a feira eu sai de casa às 8 e pouco para a consulta com o ortopedista que era às 9. No caminho, a enfermeira do ginecologista me liga, dizendo que o meu exame de urina acusou a presença de duas bactérias e que o ginecologista já tinha deixado prontas uma receita de antibiótico e uma guia pra outro exame de urina (pra depois do tratamento) e ela queria saber quando eu poderia ir buscar. Como o prédio do ginecologista era do lado do prédio do ortopedista, passei por lá antes da consulta, peguei as guias e ainda consegui dar uma palavrinha com o médico, que me explicou o que a enfermeira tinha encontrado.

Cheguei ao ortopedista, tive que esperá-lo terminar uma conversa (particular) no celular por 20 minutos, entrei no consultório fedendo a cigarro (o consultório é super limpo, o fedido era ele), expliquei o que eu sentia, ele examinou minha coluna, receitou um (outro) analgésico, eu perguntei se ele achava que medicina alternativa (acunpuntura) poderia ajudar, ele acha que não, mas me deu encaminhamento para fisioterapia (eu ainda acho que ele deveria ter me mandado fazer um raio-x). Atravessei a rua, entrei no prédio da fisioterapia (o mesmo do ginecologista), supliquei por uma massagem naquela hora mesmo, no começo a secretária explicou que não tinha como mesmo, todos os fisioterapeutas estavam super ocupados, mas um deles passou e viu a minha cara de desespero e conseguiu me encaixar entre um paciente e outro, me colocou num aparelho que dava choques bem fraquinhos por uns 20 minutos e depois fez massagem. Quando sai de lá (como a Phoenix, renascida das cinzas), ainda marquei mais 7 sessões (o médico indicou que o meu tratamento seria de 8) e paguei o equivalente a 14 reais (o tratamento todo). 

Continuo com as sessões de massagem e aparelhos (choques e ondas) e as dores estão 60% melhores. A clínica da fisio é ótima, tem Pilates, os fisioterapeutas são super competentes e atenciosos, tudo limpinho e arrumado. 

Enfim, isso é um exemplo. Em duas horas fui atendida por 3 profissionais. Adoro a atenção do meu ginecologista, não gostei do ortopedista (mas ele serviu pro que eu precisava) e acho muito legal a clínica de fisio e os profissionais de lá. Não garanto que aconteça assim em todas as clínicas, com todos os médicos e em todas as ocasiões. Mas em geral, estou muito satisfeita com o tratamento que recebemos, como disse no outro post, e resolvi escrever esse pra ilustrar. 

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Coisas que só vi em Israel

Cada país tem suas peculiaridades, cada povo tem suas manias e quando chegamos a um lugar novo estranhamos o que não nos é comum, chegamos a achar um absurdo, coisa de gente doida, mas depois de um tempo nos acostumamos, entendemos e às vezes até adquirimos os costumes, adaptamos aos nossos e tudo fica bem.

Quer saber de algumas coisas que "assustaram" os brasileiros que chegaram à Terra Santa (inclusive eu mesma)? Vem comigo!

1. Comer salada no café da manhã - Comem pepino, comem tomate, pimentão, cebola, azeitona. Não são todos nem todos os dias, muita gente só come salada aos finais de semana, quando há mais tempo para preparar, ou quando saem pra tomar café da manhã fora. Aqui em casa nós comemos todo dia - pepino + tomate cereja + pimentão, picadinhos, com sal, azeite e 2 colheres de queijo cottage. Ah, pra constar - come-se pão também e toma-se café, mas esse café é diferente... 

2. Café é Nescafé, com leite (eles chamam carinhosamente de Nes). Tem uns que tomam café turco, ou café "botz" (lama), que é um café não coado, o pó fica no fundo da xícara. Eu particularmente não entendo a graça de sujar os dentes com café, mas muita gente gosta. Café filtrado é extremamente raro, temos algumas marcas nos supermercados, são caras e não têm o mesmo gosto que o nosso cafezinho tem. A gente aqui em casa não abre mão do café de filtro e "importa" por todas as pessoas que chegam do Brasil e se oferecem a trazer algo. 


kumkum
3. Ainda sobre café, todas as casas tem uma chaleira elétrica (kettle em Inglês, kumkum em Hebraico - adoro essa palavra). É só colocar água, apertar um botão e em poucos minutos a água está fervendo para o café, o chá, pra cozinhar o macarrão e etc. Esse é um eletrodoméstico bem comum na Europa, mas no Brasil ainda é pouquíssimo usado. É uma maravilha, ajuda muito. Tem também uma outra "máquina" de água, que nada mais é do que um mega filtro, aperta um botão e sai fria , aperta outro e sai água fervendo pro café (eliminando o uso da kumkum). 



essa é que nós temos. Foi cara, pagamos em muitas prestações,
mas nunca mais precisamos carregar garrafas de água mineral do super

4. O interruptor de luz dos banheiros (e só dos banheiros) fica do lado de fora, tem que acender antes de entrar. Provavelmente deve ser pra evitar problemas da eletricidade em contacto com a umidade. Ainda no assunto banheiro, nas portas há uma um quadrado de vidro, assim quem tá de fora pode ver se o banheiro está ocupado (com a luz acesa) sem que ninguém tenha q gritar "tem geeeente". 



5. E mais sobre os banheiros - nas casas mais antigas e mais simples, não há uma divisão entre a área onde se toma banho e o resto do banheiro. Explico: Não há box (dá pra colocar uma cortininha) e às vezes não há nem um desnível entre a área do chuveiro e a da prvada, espelho, etc. Ou seja, tomou banho, alagou o Oriente Médio. Então nesses banheiros sempre tem um rodo dentro, tomou banho, tem q tirar a água. É irritante, mas olhando pelo lado positivo, tem a vantagem do banheiro estar sempre limpo. 

6. Quer mais sobre banheiros? A descarga tem dois botões - um que solta menos água e outro que solta mais (e ai você saberá qual apertar para cada tipo de "uso"). Além disso, a maioria das pessoas mantémno banheiro um pacote de lenços umedecidos (desses de limpar bumbum de bebê) para uso dos adultos, o que garante uma "refrescância" maior. Recomendado!

 רכב חשמלי קלנועית  קלנוע7. Assim como temos o agalul para transportar crianças (sobre o qual eu contei aqui), temos também as motinhos dos velhinhos, o kalnoit. São motos mais confortáveis, de 1 ou 2 lugares, geralmente são movidas a eletricidade (tem que carregar toda hora) e os velhinhos que têm dificuldades motoras passeiam pela cidade toda com as suas. Eu já até presenciei a cena (fofissima) de um velhinho que pegou a sua gatinha pra dar uma volta na praia. Quer ver mais modelos? Clica aqui

8. Sistema de irrigação - por ser um país de clima desértico, obviamente que tudo é muito seco aqui e estaríamos fadados à fome se não fossem os engenheiros agrícolas espertinhos que desenvolveram sistemas de irrigação modernos e que garantem a água das gramas, das flores e das plantações sem precisar de ninguém regando com mangueira ou regador. Então em praticamente todo prédio, toda praça e todo jardim, tem água saindo pelo solo e muitas vezes em forma de jatos que já me causaram cenas engraçadas (ou nâo) de passar por um prédio, não perceber que o jato estava vindo em minha direção e me molhar toda. 

9. Horários de atendimento - No Brasil os bancos, correios e demais locais de atendimento ao público funcionam de 8 às 4 geralmente, né? Pois por esses lados você sempre tem que checar a que horas o lugar que você precisa ir vai estar aberto naquele dia. Tem dia na semana que eles funcionam direto das 8 às 4, tem dias que funcionam de 8 às 12, fecham e abrem novamente de 4 à 7 da noite, às sextas e véspera de feriado eles fecham mais cedo, e tem dias que não abrem (os bancos não abrem aos domingos, por exemplo). O mesmo vale para os médicos e dentistas. Muitos atendem de manhã, fazem um intervalo e voltam a atender no fim da tarde, começo da noite. É estranho, mas quando você acostuma, percebe que é prático, porque muitas vezes você não precisa perder um dia de trabalho, ou chegar mais tarde, pra poder ir tirar o passaporte, por exemplo. Eu acho inteligente.


10. Além de ônibus e trem, nós temos como meio de transporte público as moniot sherut, um tipo de van (amarela) onde viajam 10 pessoas e o motorista. Como não tem cobrado, o dinheiro é passado de um a um até chegar ao motoca. Te cutucam com a moeda e falam "Efshar le'avir?" ("Pode passar?"). Confesso - Irrita muito! E não, ninguém embolsa a grana não!

Enfim, isso foi o que veio à minha cabeça e a dos companheiros da comunidade Brasileiros em Israel do facebook. Mora aqui e estranhou mais alguma coisa que eu não lembrei? Escreve nos comentários que eu adiciono. 

É claro que temos diferenças alimentares (sobre as quais eu já falei aqui), tem as diferenças religiosas também, mas optei por não entrar nesses detalhes nesse post. Quis escrever sobre coisas cotidianas que me pareceram estranhas mas que, em 7 anos por aqui, acabei assimilando e hoje em dia acabo nem reparando mais.